terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Se pudesse ainda palpar sonhos ou ter medo do bicho papão...

...eu preferiria.

 A inocência que eu tinha fazia com que não me sobrasse espaço interior para a tendência do ser humano ao mal. Nem pra que ela me agarrasse pelas entranhas. Acordei sentindo falta do Deus que eu acreditava quando tudo que eu sentia era paz. Mas agora o mundo está tão vazio e a vida tão simplória que não me permite mais acreditar em coisas mirabolantes como aquelas que eu acreditava quando criança.

Até as brincadeiras relembradas me roubam agora um sorriso desejoso e uma lágrima sobre as linhas finas que meu rosto insiste em revelar. Eu imaginava coisas absurdas em um mundo com outro nome e nenhum adulto podia desconstruir os tijolinhos que eu colocava nessa ilusão bonita que eu não consigo mais ver de modo algum quando tento regredir no tempo. Isso perdurou por anos, enquanto eu ainda conseguia dormir e palpar meus sonhos. Não tenho mais medo de algum ser estranho embaixo da minha cama, contudo andar na rua passou a ser meu medo.

 Me sinto outra que não sei mais quem eu sou, mas me lembro bem de quem eu era. As vezes penso que não devia relembrar, só que a memória não costuma falhar quando é preciso, somente quando algumas histórias se perpetuam esquecidas como se trancadas num baú velho num calabouço aterrorizante no qual jamais teria coragem de procurar uma boa lembrança perdida. Vivo uma crise: nunca fui tão má em toda minha vida como fui ontem. Hoje isso me doeu como se tivesse caído toneladas em cima de mim.

 

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